O soldado Hans Müller se encontrava agachado atrás dos escombros que outrora foram uma escola, em Oradour-sur-Glane, uma zona rural da França.
O sangue inocente escorria por seu rosto, e as mãos estavam unidas, como se orasse.
"Vergib mir, mein Gott!” — era a frase sussurrada repetidamente por ele.
Sim, era uma oração.
Ainda faltavam 448 dias para o fim da guerra, mas Hans não viveu o suficiente para ver essa data chegar.
Na verdade, ele morreu por dentro no dia do massacre que ajudou a comandar. A bala que atravessou seu peito menos de um ano depois, durante a libertação do campo de concentração de Bergen-Belsen, apenas o livrou do sofrimento que o corroía desde então.
Antes de fechar os olhos para sempre, repetiu sua oração, torcendo para que existisse um Céu — ao menos para os inocentes que matou em vida.
E, num último suspiro, agradeceu por enfim se ver livre daquele inferno.