Sempre tive um
desejo danado de conhecer a capital São Paulo e a oportunidade veio em 1988,
quando decidi vender uma moto.
Esta era novinha
em folha, uma “belezura”, mas lá para o fundão de Minas onde eu morava, local
cheio de morros e somente estradas de terra, me contaram que iria acabar com
ela rapidinho, então se eu a vendesse daria para comprar um carrinho velho e
ainda sobrava dinheiro para acertar a documentação.
Minha moto
chamava tanto a atenção que tinha pensado em colocá-la no seguro, porém como
decidi tentar vendê-la no domingo, resolvi esperar um pouco.
Lembro que
quando cheguei a São Paulo estava um frio de arder, era final de junho e as
pessoas que andavam nas ruas estavam todas muito agasalhadas. Fui direto a uma
feira de automóveis que acontecia lá no Anhembi, seguindo o conselho de vários
amigos que já haviam feito bons negócios por lá.
Ao entrar no
local, recebi a sabatina do responsável pelo Feirão do Automóvel, falando
muitas coisas sobre a questão da segurança. Uma das dicas foi de não sair da
feira com um possível comprador. Para falar a verdade, não dei muita bola para
esses exageros, creio que ele pensou que estava falando com algum bobão, só por
causa do meu sotaque arrastado. O que ele não sabia é que o mineiro é uma raça
esperta pra “daná uai”, dificilmente alguém lhe passa perna.
Lá dentro,
deixei minha moto num canto bem iluminado, com o meu nome e endereço grudado no
tanque. Várias pessoas passaram e deram uma olhada na minha belezinha, e teve
um rapaz que devia estar com muito frio, pois usava um grosso cachecol, que
ficou por uns 10 minutos rodeando a bichinha. Depois de um tempo ele disse que
ia dar mais uma olhada no salão, mas que a minha moto era muito boa. Já fiquei
esperançoso uai! E não é que ele voltou uns 15 minutos depois e foi abrindo o
negócio:
- Olha meu amigo,
quero comprar a sua moto, só que quem vai pagar é o meu pai! O moço não poderia
me levar até lá em casa pra pegar o dinheiro?
Não titubeei! Mais
que rápido subimos na “formozura” e saímos. Ele devia ser meio afeminado, pois enquanto
eu pilotava senti que ele passava a mão pela minha cintura, o troço estranho
sô! Ao parar no farol, graças a Deus, ele me pediu para ir pilotando, assim ia
testando a moto pra ver se o motor estava bom. Rapidinho troquei de lugar com
ele e pra não deixar dúvidas de que sou um caipira macho, grudei na rabeira da
moto. Entramos numa larga avenida, onde tem um rio fedido e quando bato o olho,
vi o cachecol dele voando. Ele encostou a minha belezinha e disse: - Você pega
lá pra mim? Está frio! - Desci da moto e retornei, e só parei com o barulho da
minha moto acelerando, quando me virei o moço já ia embora.
Voltei pra Minas, sem moto, mas com um belo de um
cachecol enrolado no pescoço, que o burrão do comprador, na pressa de chegar a sua
casa e me pagar, deixou pra trás! Gozado que isso já faz 24 anos, acho que ele perdeu
o meu endereço, mas se demorar mais uns dois anos vou correr atrás dos meus
direitos sô...------------------------------------------------------------
Esse conto foi inspirado numa história real.
Abraços renovados para todos!
JG, rí muito! Obrigada por esta gostosura de texto.
ResponderExcluirDivertido, abraço Lisette.
ResponderExcluirQue pesadelo, hein!? De uma moto para um cachecol... ficou bem enrolado o mineirinho! uai...
ResponderExcluirAbraço, Célia.
Cachecol caro, uai!
ResponderExcluirrssssss...Muito legal,Joel! abração,chica
ResponderExcluirEle ainda deve estar com ela, fazendo manobras pelas ruas de São Paulo. Você ainda lembra da placa?
ResponderExcluirAbraços, poeta!
Gostei! Divertido na medida certa. Abraços.
ResponderExcluirHahahahahahahahaha puxa Joe! Que dó hein! Uma pena mesmo.
ResponderExcluirEi, hahahahahaha eu ainda estou no top 10 comentaristas aqui! Hahahahaha, me perdoe pois estou em falta demais com você!
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