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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mobilizando-se!

O texto abaixo é um ensaio crítico que redigi dias atrás, como trabalho do curso de Gestão de Mobilidade Urbana realizado na ANTP, onde adicionei o ingrediente "sensibilidade".
JGCosta



Clique na imagem para ver de onde ela veio!



Se me perguntassem anos atrás se a mobilidade urbana seria tão relevante para o progresso sustentável das cidades, o meu primeiro pensamento tomaria forma a partir da seguinte reflexão: “Depende muito dos interesses políticos envolvidos”.
Hoje, se o mesmo questionamento surgisse, responderia sem pestanejar: “Não existe progresso sustentável sem o investimento imparcial em planos de mobilidade”.
Esta, como um todo, está intrinsecamente conectada com a qualidade de vida que um ser espera encontrar por onde passa.
Imaginemos um sonho, onde após sairmos de casa, nos deparamos com calçadas estreitas, esburacadas e lotadas de entulho, com mato crescendo por toda a parte, árvores tortas e com raízes enormes; carros e mais carros voando nas vias com motoristas alucinados os conduzindo; gigantescos edifícios por todos os lados, com as chaminés das empresas exalando fumaças negras, dando a impressão de se estar num vale de pedras; e a constatação de que não existem mais pedestres num raio de quilômetros. Qual seria sua ação nesse sonho? Caminhar e caminhar buscando vida? Essa seria provavelmente a busca de todo ser equilibrado.
Agora imagine um segundo sonho: Acordar de manhã e seguir a pé para o trabalho, pois está um sol lindo lá fora; as calçadas são arborizadas, tornando o passeio refrescante; nas vias ciclistas seguem por uma ciclo faixa recém-demarcada, alguns poucos veículos, entre eles táxis, se misturam aos trólebus que desfilam até a estação central; nas calçadas pedestres de todos os tipos e tamanhos conversam alegremente enquanto andam, cumprimentando uns aos outros, como era comum antigamente. As construções são baixas, com inúmeras casas e algumas empresas. Dá-se a impressão que se retornou no tempo, numa época em que a cidade ainda era edificada pensando nas pessoas, em prol e exclusivamente para elas. Mas tudo não passa de um sonho, melhor que o pesadelo imaginado no parágrafo anterior, pois foram poucas as cidades planejadas para o cidadão, hoje a realidade é um caos irremediável, caminhando para um colapso. Existe um antídoto?
Não podemos voltar no tempo, ainda não, mas e se pudéssemos, faríamos diferente?“Depende muito dos interesses políticos envolvidos”.
Provavelmente tropeçaríamos novamente nos mesmos erros e teríamos as mesmas cidades que aí hoje estão, então, se existe um antídoto ele deve conter uma dose maciça da busca incessante pela qualidade de vida, de mobilidade urbana.
Não sei quais são suas metas de vida, nem onde você espera chegar, mas eu tenho alguns desejos e gostaria de ressaltá-los:
Queria eu viver numa cidade com escola e trabalho no meu próprio bairro; com parques e uma série de opções de lazer bem ali ao lado; com bancos, farmácias, lojas e um postinho de saúde em outro aglomerado próximo, tudo gerando uma economia de tempo salutar.
Queria eu viver numa cidade com um transporte público bem planejado, desde pontos de ônibus acessíveis e em áreas públicas, com linhas regulares sem lotações, integrado às linhas intermunicipais, com lautos corredores exclusivos, com uma Mercedes enferrujando na garagem, enquanto eu passeio de trem-bala.
Queria eu viver numa cidade com longas avenidas onde os pedestres pudessem caminhar com segurança e sem risco de atropelamentos nem quedas nas calçadas, onde a sua jornada fosse de fato priorizada, nos cruzamentos semaforizados ou não, com rampas ou faixas elevadas em pontos estratégicos, facilitando a vida daqueles que já viveram bastante como daqueles que dependem de outros meios para se locomover e usufruir da cidade.
Queria eu viver numa cidade que mensalmente ganhasse prêmios de melhor qualidade de ar do mundo; de melhor cidade do mundo para se viver; de melhor cidade do mundo para se investir; de melhor cidade do mundo para se envelhecer...
Queria eu viver esse sonho, mas não podemos voltar no tempo, ainda não... Mas... E o contrário?
E se aprendêssemos com os erros do passado e a partir desse momento começássemos a transformar as nossas cidades?
Pode ser que não dê para morar e estudar, no mesmo bairro, nem comprar e ir ao médico ali tão perto, mas podemos ter um transporte de qualidade que nos leve rapidamente para esses destinos, e o melhor, nos devolva ao lar da mesma forma.
Pode ser que os pontos de ônibus próximos às nossas residências não sejam confortáveis, não tenham as informações que necessitamos, nem inspire segurança quando a luz do dia se for, mas podemos exigir todos os itens indispensáveis pensando na coletividade.
Pode ser que não dê para reconstruirmos as casas em vias mais largas, mas podemos ter estacionamento de veículos leves somente num lado das vias, com corredores de ônibus e ampliação e arborização eficiente das calçadas.
Pode ser que não seja possível haver integração entre o circular do nosso bairro com o ônibus interurbano, mas será que o estado não pode nos ajudar a integrar pelo menos os transportes intermunicipais?
Concordo! Não dá realmente para voltar no tempo, nem “podar” a cidade na sua raiz e recomeçar do zero, mas dá para nos envolver em todas as mudanças que interfiram na questão da mobilidade e fazer valer o direito de cidadão, de poder sonhar e acordar, quem sabe vivendo outra realidade, bem mais agradável.
Concordo também! Não dá para mudar as pessoas e suas prioridades políticas ou domésticas, mas dá para compartilhar com elas nossos projetos de vida e assim tentar sensibilizá-las. Quem sabe não chegaremos a unir forças para poder realizá-los.
Pode ser que mesmo assim acordemos numa cidade que ainda não ganhe todos os prêmios que a chamada “sustentável” faz jus, porém, nada nos impede de fazer a nossa parte para que ela ganhe não só esses títulos, mas que ainda por cima tenhamos a satisfação de dizer que é essa é a melhor cidade, aquela, entre tantas, que escolhemos para morar.

3 comentários:

  1. Como seria bom uma cidade tranquila, segura, despoluída visual e ambientalmente... Mas isso é utopia! Porém nada nos impede de fazer nossa parte pra melhorar o caos que estamos. Podemos, certamente fazer a NOSSA parte! abração,chica

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  2. Não deveríamos depender tanto de políticos para construir um país....
    O dinheiro arrecadado pelos impostos se fosse administrado por cada estado sem passar pelo governo seria muito mais bem aproveitado.
    Enfim...
    Abraço Lisette

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  3. Olá, Joel
    Tem seu nome citado no blog:

    http://www.espiritual-amizade.com.br/2013/11/amizade-virtual-2-anos-do-blog.html#comment-form

    Bjs fraternos de paz e bem

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