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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Antônimos

Esse meu conto sugere uma das minhas ideias que vez em quando ecoam, que diz respeito à busca constante para o equilíbrio.
JGCosta

Clique na imagem para ver de onde ela veio!


O homem simples acordou pela manhã, se barbeou e se foi para o escritório da grande empresa de advocacia, no Centro da cidade.
Tinha duas audiências marcadas para a tarde, que seriam pagas pelo Estado, pois dava preferência aos pobres que lhe procuravam. Decididamente se identificava com estes clientes, pois também viera da periferia, e seguindo os conselhos do pai estudara e se tornara um doutor.
Seu sócio, o homem arrogante, chegaria somente duas horas depois. Este cuidava dos melhores clientes do escritório, financeiramente falando, e sempre precisavam de álibis por viver às margens da Lei. A meta do homem arrogante era a riqueza, e para isso não tinha escrúpulos, nascera em berço de ouro e queria a cada dia mais deixar uma herança dourada para si próprio.
Ambos os sócios se suportavam, pois o homem arrogante custeava todas as despesas do escritório enquanto o homem simples melhorava constantemente a imagem da advocacia. Acabaram, mesmo sendo tão diferentes, gerando um equilíbrio necessário para o sucesso, e cada qual respeitava os princípios do outro.
Um dia o homem arrogante adoeceu gravemente e o homem simples teve que assumir todos os compromissos do escritório, inclusive se tornar o advogado temporário dos processos em andamento abertos pelo homem arrogante. Obviamente, perdeu todos esses casos e a empresa perdeu muito dinheiro com isso, pois o homem simples não se utilizava de trapaça e na sua bondade, mais prejudicou tais clientes do que ajudou, pois todos eles, como se diz, “deviam no cartório”.
Apesar destes dispêndios, o homem simples se ocupou de todas as responsabilidades para com os tratamentos de saúde do homem arrogante, pois este era sozinho no mundo, sem família, sem amigos, vivia isolado na sua ganância. Praticamente esse homem sem lar ganhou uma família na casa do homem simples, que o acolheu.
No escritório houve uma mudança fenomenal no tipo de atendimento e clientela, e após alguns meses a perseverança aliada ao profissionalismo do homem simples foi recompensada, pois novos e importantes clientes surgiram e o escritório se reergueu, gerando um status ainda melhor do que conquistado antes pelo homem arrogante.
Nesse meio tempo o homem arrogante se recuperou e quis voltar à ativa, mas do homem arrogante de outrora pouco restara, conhecera um tipo de amor que nunca havia experimentado e agora se tornava um homem novo.
Esse homem novo aprovou todas as mudanças que encontrou no escritório e, recuperado plenamente, uniu forças ao homem simples e juntos fizeram história na advocacia nacional.
Desgastaram a imagem de antônimos que possuíam perante a sociedade e em sinônimos se transformaram. Um homem simples e um homem novo, agora renomeados simplesmente de homens de bem.