Esse meu conto sugere uma das minhas ideias que vez em quando ecoam, que diz respeito à busca constante para o equilíbrio.
JGCosta
Clique na imagem para ver de onde ela veio!
O homem simples acordou pela manhã, se barbeou e se foi para
o escritório da grande empresa de advocacia, no Centro da cidade.
Tinha duas audiências marcadas para a tarde, que seriam
pagas pelo Estado, pois dava preferência aos pobres que lhe procuravam.
Decididamente se identificava com estes clientes, pois também viera da
periferia, e seguindo os conselhos do pai estudara e se tornara um doutor.
Seu sócio, o homem arrogante, chegaria somente duas horas
depois. Este cuidava dos melhores clientes do escritório, financeiramente
falando, e sempre precisavam de álibis por viver às margens da Lei. A meta do
homem arrogante era a riqueza, e para isso não tinha escrúpulos, nascera em
berço de ouro e queria a cada dia mais deixar uma herança dourada para si
próprio.
Ambos os sócios se suportavam, pois o homem arrogante
custeava todas as despesas do escritório enquanto o homem simples melhorava
constantemente a imagem da advocacia. Acabaram, mesmo sendo tão diferentes,
gerando um equilíbrio necessário para o sucesso, e cada qual respeitava os
princípios do outro.
Um dia o homem arrogante adoeceu gravemente e o homem
simples teve que assumir todos os compromissos do escritório, inclusive se
tornar o advogado temporário dos processos em andamento abertos pelo homem
arrogante. Obviamente, perdeu todos esses casos e a empresa perdeu muito
dinheiro com isso, pois o homem simples não se utilizava de trapaça e na sua
bondade, mais prejudicou tais clientes do que ajudou, pois todos eles, como se
diz, “deviam no cartório”.
Apesar destes dispêndios, o homem simples se ocupou de todas
as responsabilidades para com os tratamentos de saúde do homem arrogante, pois
este era sozinho no mundo, sem família, sem amigos, vivia isolado na sua
ganância. Praticamente esse homem sem lar ganhou uma família na casa do homem
simples, que o acolheu.
No escritório houve uma mudança fenomenal no tipo de
atendimento e clientela, e após alguns meses a perseverança aliada ao
profissionalismo do homem simples foi recompensada, pois novos e importantes
clientes surgiram e o escritório se reergueu, gerando um status ainda melhor do
que conquistado antes pelo homem arrogante.
Nesse meio tempo o homem arrogante se recuperou e quis
voltar à ativa, mas do homem arrogante de outrora pouco restara, conhecera um
tipo de amor que nunca havia experimentado e agora se tornava um homem novo.
Esse homem novo aprovou todas as mudanças que encontrou no
escritório e, recuperado plenamente, uniu forças ao homem simples e juntos
fizeram história na advocacia nacional.
Desgastaram a imagem de antônimos que possuíam perante
a sociedade e em sinônimos se transformaram. Um homem simples e um homem novo,
agora renomeados simplesmente de homens de bem.