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segunda-feira, 4 de abril de 2011

A moça com o recém-nascido

Essa é a minha participação de abril na postagem coletiva da Fábrica de Letras, cujo tema é Ternura. É uma postagem de mais de um ano atrás já publicada no blog, mas que a meu ver tem tudo a ver com o tema!
Cliquem na imagem abaixo para conhecer o blog e, se possível, participar da postagem também:












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A moça com o recém-nascido





Não era aquilo que eu esperava ver em seus olhos! Não era mesmo!

Ela carregava um recém-nascido nos braços e acabava de sair do hospital, caminhando desajeitada com a bolsa azul dependurada.

Gostava de passar por ali e me deparar com essas belas cenas, as novas ou experientes mamães saindo com seus bebês, rumo ao lar, levando consigo o belo trabalho de nove meses e que geralmente era fruto do mais puro amor.

Mas naquele início de tarde foi diferente! Toda aquela alegria que eu esperava ver nos olhos dessa mãe aparentemente tão jovem não existia. Em seu lugar uma tristeza enigmática era exibida, para quem quisesse ver.

Pensei a princípio que poderia ser somente por um segundo de dor que estivesse passando, e logo sua face mudaria, mas nada feito, ela estava realmente triste.

Comecei então a imaginar qual seria o motivo.

Poderia ter sido uma gravidez indesejada. Ou quem sabe de um pai irresponsável?

Será que a criança nascera com algum problema? Ou será ainda que a família não aceitara tal nascimento?

Falando em família, vi que estava completamente só.

Onde estavam os parentes da criança, pai, avós, tios, uma amiga sequer. Cadê o apoio que certamente ela estava precisando naquele momento.

Eu não tinha filhos, mas se tivesse com toda a certeza sairia com ele ou ela do hospital, a não ser que um impedimento muito grande existisse...

Certo, poderia ser isso, algum problema fizera com que todos que poderiam estar ali se ausentassem. Mas todos! Não me enganei...

Vi que ela caminhava até o ponto de ônibus com ainda mais dificuldade, então resolvi usar da minha solidariedade e lhe propus ajuda, a qual ela aceitou.

Levei sua bolsa pesada e me sentei ao seu lado dentro do abrigo do ponto de ônibus. Lá pude saciar todas as minhas curiosidades no pouco tempo em que ficamos sentados.

Ela agora era mãe solteira, o pai fora um namorado de semanas, a família a colocara para fora, o neném era um menino, saudável como um leãozinho. Ela tinha um emprego num supermercado, colocaria seu filho na creche daqui a alguns meses e retornaria ao trabalho. E não, jamais pensou em abortar nem em doar seu filho, isso ela considerou impensável! -- Me disse ela sem eu ao menos perguntar.

Quis saber o nome que ela colocaria no menino e me respondeu que não sabia ainda, mas perguntou meu nome.

-- Cláudio! – Eu lhe disse enquanto paparicava o menininho.

-- Um belo nome! Acho que já achei o nome perfeito para o meu filho.

E não é que sem querer eu ganhei um afilhado. Foi presente de um simples olhar de amor e felicidade que procurei e não encontrei.

Hoje o menino Cláudio está com quatro anos e já está me chamando de novo, ô menino apressado!

-- Papai, me leva pra escola!

10 comentários:

  1. Que história mais linda! Dá pena é não ser verdadeira...

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  2. Isso é a verdadeira ternura em poesia aqui descrita!!!Grande participação!abraços,tudo de bom,chica e linda semana!

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  3. Meu amigo Joe. Não sei sobre o que falar,ou, melhor qual dos dois textos me comovem mais. Fiquei muito orgulhoso mais uma vez pela referência ao eu nome no seu blog,Você sempre surpreende. Adorei sua história de vida também. O importante, caro amigo, é a gente ter sempre consciência de que pode melhorar como gente. Os grandes nomes da história da humanidade foram humildes. Fique com meu abraço, caro amigo e mais uma vez, MUITO OBRIGADO!!!

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  4. Puxa vida Joe... um dia ainda vou escrever assim...

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  5. Querido Joe, mais uma vez o teu texto é de uma sensibilidade e beleza muito comoventes! E também, como sempre, lá vem a lição edificante de que é com pequenos e generosos gestos que transformamos o mundo que nos rodeia para melhor!
    Muitos parabéns!
    Um beijinho

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  6. Este texto está maravilhoso.

    As melhores ternuras são aquelas que aparecem quando menos se espera.

    Se as ternuras que por vezes recebemos podem ser maravilhosas, aquelas que proporcionamos são sem dúvida nenhuma as mais gratificantes.

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  7. Era tão bonito que todas as histórias de mães solteiras, abandonadas pela família, encontrassem alguém que as amassem a elas e aos filhos. O mundo seria muito melhor.

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  8. A ternura é um momento muito especial entre as pessoas.
    Lindo o texto. a interação de Amigos tbém está participando.
    http://sandrarandrade7.blogspot.com/
    São momentos que tracamos as ideias..
    Um grande abraço,
    Sandra

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  9. O nome das personagens masculinas não podia ser mais bonito ;).
    Parabéns pelo texto.

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