O homem andava só!
Não pensava em nada importante, somente seguia seu caminho.
Parou num bar para tomar um refresco à beira da estrada, num fim de mundo em meio ao sertão. Estava quente e suava as bicas!
Um estranho se aproximou e ele pensou: lá vem mais um me pedir dinheiro. Ó pobreza que assola o povo brasileiro!
Mas estava enganado, pois o moço somente lhe pediu um favor, que entregasse uma carta caso encontrasse uma pessoa que ele muito amou e se fora repentinamente.
Apesar do estranho pedido o homem não se negou, guardou o envelope com seus documentos e partiu. Havia dito o moço que se tratava de uma mulher pequena, de olhos e cabelos claros, mas a pele morena pelo sol da labuta.
O homem pensou que encontraria milhares de mulheres assim, mas o moço disse também que ela mancava de uma perna e tinha nome de flor: Jasmim!
Após mais dois dias seguindo na estrada o homem num motel "ancorou". Durante a madrugada acordou assustado e sem nada para fazer, leu a carta que o moço lhe deu.
Esta dizia aquelas coisas comuns, de amor e saudades que ele tinha e esperanças de a ter de volta um dia. Mas apesar da simplicidade das palavras rabiscadas em apenas uma folha de caderno espiral, o homem se emocionou. Não era muito de ligar para paixões, mas cada palavra do moço decorou. E assim o sono voltou.
Depois de mais uns dias na estrada um acidente o homem sofreu, quando um caminhão de frente com seu carro colidiu. Ficou preso às ferragens e não resistiu ao demorado resgate e acabou desmaiando.
As dores que sentia de repente sumiram e ao abrir os olhos se viu num enorme campo vazio. Não era só verde o descampado, parecia uma enorme plantação de algodão, pois muito de um branco encobria o chão.
Viu pessoas a deriva andando de um lado para o outro, mas mesmo à distância uma delas lhe chamou a atenção. Vinha puxando uma perna e um vestidinho surrado cobria seu pequeno corpo.
O homem caminhou em sua direção e instintivamente chamou: Jasmim!
Ela parou assustada e o esperou calmamente, sorrindo. Antes que o homem abrisse novamente a boca ela lhe perguntou se ele trazia uma mensagem para ela.
O homem recitou as palavras decoradas da carta recebida do moço e não ficou espantado com a mulher que desaparecia lentamente enquanto ele ia terminando o pedido.
Antes que ela desaparecesse ainda ouviu um abafado obrigado. Nem se deu conta que ele também desaparecia. E em sua volta surgiu lentamente, como que desenhado, o belo e branco traçado de um hospital.
Achou o homem ter sonhado, mas dois motivos lhe disseram que não, assim que deixou o hospital uma semana depois. Junto aos seus pertences a carta do moço não foi mais encontrada e um carro novo o aguardava do lado de fora com um bilhete preso junto às chaves, escrito em letras simples:
- Obrigado pelo favor, Jasmim do coma acordou!
E o homem que andava só agora sorriu.
Joe, que texto emocionante! Vivi cada instante com a intensidade que a narração impoem,
ResponderExcluiresta sua forma de escrever é cativante,
muito bom!
Abraços e votos de 2011 cheio de um boa colheita, que não lhe falte inspiração para escrever ótimos textos como este daqui!
Abrços,
Ester.
Muito bom ler isso,amigo Joe.Bom mesmo.Um abração
ResponderExcluirOi Joe, que texto lindo e emocionante. Realismo fantástico ou seria espiritualismo mágico? Bonito mesmo, seria tão bom se na vida real tb fosse assim....beijos,
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