O texto abaixo é uma ficção, mas reflete exatamente o que eu penso e o que eu faria se estivesse no lugar do protagonista.
JGCosta
Foi durante o primeiro semestre de 2014 e
a ideia para a turma de Filosofia foi minha: chamar o professor Gustavo para
palestrar sobre o livro "A Menina Que Roubava Livros", de Markus
Zusak.
Não por ele ser o meu tutor favorito, mas
principalmente pela enorme sensibilidade que ele sempre demonstrou em suas
explanações didáticas, independente do tema ou autor a qual se referia.
Fiz o convite após o término de uma aula,
esboçando o livro em uma das mãos. Ele não respondeu a princípio, pediu o
livro, o folheou rapidamente, leu a sinopse na contracapa e disse que sim,
seria um interessante desafio.
Como o livro era meu, pedi que o levasse
como presente, em troca do favor. Ele agradeceu e se foi.
A palestra foi marcada para dali a duas
semanas. Nesse meio tempo, o encontrei e trocamos algumas informações, eu
sempre querendo saber o que ele estava achando do livro, mas sem jeito para
fazer a abordagem. Nem precisei! No final de nosso diálogo o professor citou o
livro e me disse já estar na segunda leitura do exemplar, sendo este de grande
valor, filosoficamente falando.
* E a propósito - complementou ele - meu
discurso para a palestra já está pronto. Sendo mais exato, após ler os
primeiros capítulos já tinha formulado em minha mente exatamente o contexto que
acho interessante ser abordado.
Saí feliz de nosso encontro. Não foi a toa
que lhe pedi para que discursasse sobre esse livro específico. Após
completar minha leitura do mesmo, não foram poucas as divagações que travei com
meus colegas, chegamos até a criar um grupo na internet para falar sobre o tema
com outros estudantes de nossa universidade e outras tantas, e o assunto
mostrou-se complexo e com inúmeras ramificações. Dado a variante de pensamentos
que iam surgindo com a discussão do conteúdo do livro, me veio a mente que a
opinião de um especialista traria uma luz extraordinária aos nossos debates.
No dia da palestra, com o auditório lotado
também com alunos convidados de várias instituições, outros tutores, e mais um
grupo que viu as chamadas nas redes sociais, apresentei demoradamente o
professor Gustavo, que se encontrava sentado numa cadeira de madeira, à minha
direita.
Ele se levantou num salto, dirigiu-se até
o microfone, fixo em um pedestal, e deu um olhar para o telão às suas costas,
onde cenas do filme baseado no romance de Zusac rodavam sem parar.
Voltou-se sério para os expectadores, e
após observá-los de um lado a outro, iniciou sua narrativa, que surpreendente
provou-se curta.
* Caros estudantes, colegas professores,
demais presentes, agradeço a honra de ter sido convidado para discursar sobre
este importante tema, tratado no livro da menina que roubava livros. Após
minucioso estudo obtido por diversas releituras o que tenho a dizer sobre o
mesmo é simples, claro e objetivo: "Temos muito!"
Disse a última frase e saiu do palco, a
princípio sobre o olhar surpreso de todos, mas nem bem iniciou o caminho pelo
corredor central algumas palmas isoladas começaram a surgir, acompanhadas por
outras e por outras, e em dado momento era aplaudido de pé por todos, enquanto
rapidamente deixava o recinto.
Como citei a narrativa foi curta, mas a
sua profundidade poucas vezes foi alcançada tão facilmente.
Surpreendente, é !
ResponderExcluirUm abraço.
Assisti ao filme achei maravilhoso, agora quero ler este livro.
ResponderExcluirAbraço Lisette