Por Alexandre Scussel | 14h39, 22 de Agosto de 2012
Idealizado pela organização Amigos da Terra – Amazônia
Brasileira e lançado este ano, o Atlas do Trabalho Escravo no Brasil traz dados
sobre os casos registrados de trabalho forçado no país e duas novas ferramentas
para auxiliar autoridades na formulação de políticas públicas: os índices de
probabilidade de trabalho escravo e de vulnerabilidade ao aliciamento.
De acordo com o documento, o típico escravo brasileiro do
século 21 é um migrante do Norte ou Nordeste, de sexo masculino, analfabeto
funcional, que foi levado para municípios isolados da Amazônia, onde é
utilizado em atividades vinculadas ao desmatamento.
O índice de probabilidade de trabalho escravo leva em
consideração as especificidades dos municípios nos quais o Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) já comprovou a exploração. Foi observado, por exemplo,
que a maior parte do problema ocorre em regiões isoladas, distantes dos centros
urbanos. A partir daí, as demais cidades do país com características
semelhantes são classificadas como tendo probabilidade alta de trabalho
escravo. Os principais focos identificados são Mato Grosso, Pará e Maranhão.
Índice de probabilidade de escravidão. Fonte: Atlas do
trabalho escravo no Brasil
Já o índice de vulnerabilidade ao aliciamento tem como base
a origem das pessoas escravizadas que já foram libertadas pelo MTE, cerca de 40
mil. São feitos levantamentos sobre as condições econômicas e sociais dos
estados de onde vieram esses trabalhadores. Com base nessa análise é possível
identificar a relação desse recrutamento com a miséria, já que a maioria é
analfabeta funcional vinda do Maranhão e Piauí, os estados mais pobres do
Brasil.
A forma de aliciamento mais comum é a promessa de grandes
salários para homens de regiões muito pobres. Eles são conduzidos até locais
remotos e contraem dívidas relativas ao transporte. Quando chegam, passam a receber
quantias ínfimas por mês e sua única opção para se alimentar são os armazéns de
seus empregadores.
“Os valores da comida são muito superiores aos de mercado”,
relata o geógrafo Eduardo Girardi, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e
um dos autores do trabalho. “Os preços absurdos têm a função de fazer o
trabalhador se sentir moralmente preso àquele lugar até pagar a dívida, o que é
impossível.”
Segundo Girardi, as pessoas também são constantemente
humilhadas física e psicologicamente. Tudo isso ocorre sob a vigilância dos
jagunços, homens armados que atiram em quem tenta fugir. A esse respeito, o
atlas apresenta dados sobre a violência das cidades com maiores probabilidades
de ocorrência de escravidão.
De acordo com a pesquisa, as atividades que mais utilizam
mão de obra forçada estão ligadas à criação de novas fazendas, como
desmatamento para abertura de pastagens, cuidado com esses terrenos e produção
de carvão vegetal.
As principais fontes utilizadas na realização do atlas foram
dados do MTE e da Comissão Pastoral da Terra, ONG que faz levantamentos e
campanhas sobre o tema desde 1975. Os autores – além de Girardi, Hervé Théry,
Neli Aparecida de Mello e Julio Hato, da Universidade de São Paulo – também
usaram informações do Atlas da Questão Agrária, elaborado por Girardi em seu
doutorado (2008).
Fonte: Ciência Hoje On-line
Amigo é revoltante, passam-se os séculos e tudo continua igual, beijos Luconi
ResponderExcluirCada coisa que vemos por ai, mas valeu a dica do post, muito bom ler e refletir sobre tudo
ResponderExcluirAbraços de bom dia
Bjuss
Rita!!!!
Neste país não tem muito para mudar...
ResponderExcluirAbraço Lisette.
Muito bom na verdade eu provavelmente vou fazer o download. Graças
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