Orgulho de ser EU!
A narrativa que
proponho para essa história é simples: descrever, em muitas
palavras, por que eu tenho tanto orgulho de ser EU!
E qual o objetivo
disso tudo?
Inspirar você a
nunca, jamais, never, desistir da sua vida, dos seus objetivos, dos
seus sonhos, de tudo aquilo que você acredita que lhe faça bem,
independentemente do que o mundo pensa a respeito.
1. As regras nossas
de cada dia
Desde que nascemos,
existe uma gama imensa de regras, conceitos, especificações,
costumes, todos criados por nossos antepassados, com a ideia de que
isto auxiliaria na organização da sociedade existente e nos
afastaria cada vez mais do povo bárbaro que um dia habitou o mundo.
Essas regras, de
como se vestir, falar, se portar e incrivelmente, até de como
pensar, era nos enfiado goela a dentro e quem não se portasse dentro
delas era tachado, a princípio, de estranho, depois louco, possuído
por algum espírito maligno, onde muitas vezes até uma bela e quente
fogueira era o artifício utilizado para nos colocar no eixo
definitivamente, servindo de exemplo para os demais.
O maior problema, a
meu ver, nem era tanto quanto às questões de modismos, que sempre
eram substituídos por outros, para mim a grande problemática está
relacionada a arte do pensamento que, consequentemente, colocava
palavras em nossas bocas, pois, imagine você, se até o pensar era
fiscalizado pelas regras de conduta, imagine o sofrimento daquelas
pessoas que, como eu, sempre desenvolveram a ideia do pensamento
livre e de que retirar essa liberdade seria a mesma coisa que nos
trancafiar numa masmorra? Consegue ao menos você, ser do Século
XXI, vislumbrar como seriam os dias de hoje se essa regra ainda
existisse? Façamos algumas divagações sobre essa possibilidade:
O celular, da forma
que conhecemos não existiria, pois após cada texto escrito, antes
de ser enviado, seja para uma rede social ou para um conhecido, ele
passaria por um "filtro de conduta", para verificar se
aquelas palavras escritas feriam alguma regra do pensamento
existente. Pensem! Poderia haver até uma Lei reguladora da arte do
pensar, do tipo: se pensar X, escreva Y, pois se escrever X a sua
pena será, sei lá, vinte chibatadas online?
A TV também, como,
por mais incrível que pareça, ainda ocorre no mundo, exibiria
somente todo aquele conteúdo filtrado, de acordo com as regras, de
uma forma a lhe manter no caminho, seguindo seu rumo junto ao imenso
rebanho de telespectadores alienados a tudo, presos na redoma do
pensamento pronto e fácil de ser mantido.
Livros, mesmo
esquema do celular e TV, só podiam circular aqueles que vendessem
aquela ideia fixa, em vez de lhe inspirar a arte do pensamento, muito
ao contrário, lhe reduziria a um ser vegetativo.
Dizem que "regras
foram feitas para serem quebradas" e que "os fins
justificam os meios", e aí, o que me diz, você ainda vive na
era medieval, controlado tal um boneco de ventríloquo ou uma
marionete, ou já conseguiu de fato evoluir do homem primitivo,
pintor de cavernas, para ser efetivamente pensante e que controla o
rumo de suas próprias pernas?
Pense nisso, pense
bem nisso antes de seguir com a leitura...
2. Descobrindo os
pontos de vista conflitantes
Eu ainda cursava o
ginásio nos anos 80, a antiga Sétima Série, quando tive os meus
primeiros conflitos ideológicos, mas para que você entenda um pouco
melhor a minha maneira de ver o mundo já naquela época,
necessitamos regressar um pouco mais no tempo, para o final dos anos
70...
Minha mãe, tal o
ex-presidente Lula tinha orgulho de dizer da sua própria mãe,
também nasceu analfabeta e assim permanece até a data de hoje, mais
de 65 anos depois. Contudo, o que lhe faltou de instrução lhe
sobrou de inteligência e ela sempre soube indicar o melhor caminho
para os seus filhos.
No meu caso, quando
ainda tinha meus 7 para 8 anos de idade, não podia sair na rua para
ficar à toa, era de casa para a escola ou para a biblioteca ou para
a igreja. Dessa forma você deve pensar: então você não teve
infância? Pode até ser, mas tive uma criação naquela idade
fundamental da vida baseado em valores educacionais e espirituais, o
que é a base que entendo ser essencial para formação de todo o
cidadão.
Assim, enquanto a
diversão dos meus colegas de escola era sair para a rua jogar
pique-esconde, pega-pega ou futebol onde um par de chinelos de dedos
era o gol improvisado, ou até brigar num ringue de lama (isso
acontecia numa casa vizinha da minha), o meu lazer era constituído
em viajar nas asas da imaginação através das leituras,
primeiramente dos clássicos de Monteiro Lobato.
Bons tempos!
É óbvio que quando
fiquei mais grandinho, como era de se esperar, me rebelei contra as
regras impostas por minha sábia mãe, contudo, o meu caráter já
estava alicerçado e foi só uma questão de tempo até eu perceber
que uma das maiores maravilhas que a educação nos proporciona é o
gosto pelo desconhecido, pelo amplo conhecimento, o combustível para
começar a formar suas próprias opiniões e pontos de vista.
Assim, se faz justo
que eu aproveite esse momento para render um sincero agradecimento
para a minha mãe, que de tantos exemplos os quais incansavelmente me
deu, desde a humildade, amor ao próximo, fé, até a maior das
sementes que ela plantou em meu ser, que foi o gosto pela leitura.
Voltando para o
ginásio, de onde iniciamos esse capítulo, eis que eu posso dizer
sem medo de errar que nunca fui um aluno brilhante, um CDF, nada
disso. A grande diferença entre mim e diversos colegas era que eu
adorava estudar, aprender, fosse matemática, português, inglês,
história, química, qualquer matéria. Contudo, o meu maior
entrevero (acostume-se com minhas palavras e jargões antigos, se não
souber o que significa, pesquise) foi numa matéria que, digamos, eu
tinha um pouco mais de dificuldade e, vejam só vocês, hoje em dia
eu trabalho com mapas...
Aqui cabe um aparte:
eu não vou citar nome de pessoas, não vem ao caso, a ideia deste
meu escrito não é expor ninguém ao ridículo e nem desrespeitar
qualquer pessoa, todos que interagiram comigo têm suas motivações
para agir da forma que agiram e essa é uma questão de liberdade que
eu respeito e aplaudo de pé.
A matéria em
questão era geografia, melhor, geopolítica, e a professora tinha
uma didática complicada para mim. Ela ensinava de uma forma na qual
o aluno era obrigado a assimilar completamente, decorar mesmo,
palavra por palavra, o teor de sua matéria, e ela só aceitava as
respostas que seguissem essa linha de raciocínio. Agora eu, um ser
extremamente pensante, que adorava discutir as matérias e assim
aprendia com maior facilidade, acabei travando discussões
desnecessárias sobre os temas discutidos, e a professora, não muito
acostumada a ser contrariada na sua didática, acabou me tomando por
um aluno indisciplinado ou tumultuador, e assim o nosso
relacionamento se tornou muito difícil.
Desta forma, tirei
somente o mínimo proveito da citada matéria e prossegui com os
estudos, concluí o ginásio e depois fiquei 11 anos sem estudar,
pois na época não via muito desafio no estudo, faltava-me uma
motivação, a qual surgiu no momento propício, mas será tema em
outro capítulo.
Mas guardem em sua
mente algo, acabei tendo que interagir novamente com essa professora
no supletivo que fiz, o que também trouxe algumas consequências,
contudo, o principal neste capítulo é observar algo bem simples:
esse meu grande primeiro conflito estudantil não foi por que eu era
um aluno mal educado, intransigente, antissocial, nada disso, o que
eu senti na época é algo para mim que entendo ser verdadeiramente
inaceitável: alguém querer se achar no direito de pensar por mim.
Isso até hoje me
incomoda, pessoas querendo colocar palavras em minha boca ou na de
outrem, que por algum motivo, não consegue ainda fazer valer seus
próprios princípios.
Se tem algo que
aprendi na minha vida é que, se houverem erros, até eles pertencem
exclusivamente a quem os cometeu e ninguém tem nada a ver com isso,
afinal, colhemos o que plantamos, então por que é que insistem em
pisar tanto sobre a minha colheita?
E aí, já sentiu
assim, como se alguém tentasse de alguma forma lhe manipular,
reflita sobre isso antes de seguir adiante...
3. Quando me tornei
uma pessoa melhor
Uma das maiores
preocupações que povoam nossa mente durante a nossa vida se
relaciona aos pequenos ou gigantescos erros que entendemos ter
cometido em algum momento.
Mas será mesmo que
foram erros ou não se trataram de escolhas? E será que devemos
ficar a vida toda nos lamentando devido a essas decisões, acertadas
ou não? E como fazer para deixar pra lá o passado, é possível?
Essas são algumas
das questões relacionadas aos supostos erros que pretendo discutir
nesse livro e vou usar como exemplo, assim como no capítulo
anterior, experiências verídicas que vivi e que acabaram alterando
o rumo da minha história pessoal. Destino, livre arbítrio, não
posso dizer com certeza, mas o que acredito é que tudo na vida é
somente uma questão das escolhas que fazemos.
Vou focar nas minhas
experiências de trabalho, iniciando por um fato do capítulo
anterior, de quando eu decidi parar de estudar, pois não via, não
sentia um desafio nisso. Já havia iniciado o 1° Ano de um Colégio
Técnico, estava com a cabeça raspada, era só seguir em frente, mas
optei por parar.
Até hoje lembro de
histórias de amigos meus que prosseguiram no estudo nessa época,
que se tornaram gerentes de banco, empresários e por aí vai.
Sinceramente, nunca senti inveja deles, bem ao contrário, sempre
desejei que estivessem bem, naquele caminho que escolheram, e eu fui
seguindo o meu, que nesta época da minha vida se constituía em
trabalhar muito, ter um pouco de dinheiro no bolso para sair para os
clubes, poder curtir.
Então o que me fez
mudar de ideia e retomar os estudos? Para que explique isso,
precisarei contar sobre uma escolha minha que gerou consequências e
que de fato alterou meu jeito de ver o mundo. Foi quando eu tive a
oportunidade de sentir na pele a bondade de uma pessoa de fora do meu
círculo familiar.
Eu tinha 14 anos e
após uma seleção, entrei para o SENAI, no curso de mecânica
geral. Após fazer 6 meses de tornearia, nas férias do curso,
consegui uma vaga como auxiliar numa oficina, com direito a registro
em carteira. Contudo existe um fato que devo mencionar, que lhe dará
uma ideia melhor de como eu me portava nessa idade.
Devido ao meu gosto
por leitura e estudo, eu me achava uma pessoa inteligente, mais do
que as outras, ainda não tinha aprendido uma boa lição de
humildade. Desta forma na oficina eu comecei a aprontar muito,
pensando que ninguém descobriria. Não o fazia por maldade, disto eu
tenho certeza, o fazia simplesmente para provar para mim mesmo que eu
era mais inteligente que os outros funcionários.
No fim o resultado
foi previsível: o encarregado da oficina me encostou na parede de
tal forma, sem violência alguma, somente com o conhecimento dos
funcionários que tinha e de que as coisas erradas que começaram a
acontecer surgiram a partir do momento que eu fui aceito como
aprendiz.
Acabei confessando
as minhas peraltices. Nesse momento de minha confissão, o que
esperava do encarregado era uma lição de moral que me fizesse
perder o rumo, numa humilhação típica e merecida, contudo ele agiu
com compaixão e uma bondade imensa e me tratou como um filho que
havia feito uma besteira, mas que podia agir de forma muito melhor no
futuro, caso realmente aprendesse a lição e enxergasse que
precisava andar num caminho melhor. Nem chegou a me mandar embora,
sugeriu que eu pedisse demissão, para que não "sujasse" a
minha carteira.
Percebi uma bondade
imensa na ação e nas palavras desse bom encarregado, vi nele um
reflexo de meu próprio pai, meu grande exemplo. A partir daquele
momento eu passei a ver as pessoas de outra forma, não mais as olhei
com desprezo ou como inferiores a mim e passei a valorizar muito mais
suas qualidades do que qualquer defeito que existisse. Cresci através
do importante ensinamento que recebi.
Quando retornei ao
SENAI, agora para fazer 6 meses de ajustagem mecânica, o mestre me
perguntou como havia sido a minha experiência na empresa que me
contratou como aprendiz. Contei para ele exatamente toda a verdade,
de que havia aprontado muito e que saíra do serviço. Ele disse que
já sabia do fato e elogiou a minha sinceridade. Contudo, outros
alunos também ficaram sabendo e qualquer fato errado que acontecia
na escola, durante o meu turno, era relacionado a mim. Inclusive essa
sombra me perseguiu ainda por alguns anos, mas conto em outra
ocasião. Não suportei a pressão na escola e abandonei o curso,
foram até me buscar em casa, mas a minha resposta foi simples: "Fiz
escolhas erradas, recomeçarei no futuro e farei da forma certa!"
No próximo capítulo
eu darei continuidade a ideia que aqui iniciei, dos possíveis erros
que cometemos, que muitas vezes não passaram de escolhas erradas. E
você, teve um grande exemplo na sua vida que lhe fez mudar
radicalmente? Pense nisso e vire a página...