Nasci numa quarta-feira, dia 21 de dezembro de 1921, e já percebam aí, pela data do meu nascimento, que eu estava fadado ao sucesso: 21/12/21, se invertermos: 12/21/12. De qualquer forma os números iguais se juntam.
O que isso significa? Bom, eu não sei, mas ouvi falar aqui em cima que criaram uma enciclopédia chamada Google, então se alguém descobrir me conta...
Desde cedo me chamavam de Fred, lá na minha cidade natal, Lawrence, Massachusetts. Tenho uma foto dela por aqui, veja só como era linda:
Parece que ela mudou um pouco de uns anos para cá, mas continua explêndida!
Meu pai trabalhou no velho teatro da cidade, que era do meu tio, como operador de imagem e ganhou muito dinheiro na época. Eu vivia bem até que a depressão econômica da década de 30 nos fez perder tudo e tivemos que ir morar no subúrbio. Isso me revoltou!
Aos 16 anos fugi de casa, sem um rumo certo. Acabei indo parar em Rhode Island, juntando-me aos monges de Cister e fiquei com eles por muitos anos.
Em 1941 entrei para o exército e um ano depois tudo começou. Tomei 'emprestado' o nome de um companheiro do exército, Anthony Ignolia, tentei mais duas vezes permanecer em mosteiros, mas acabei indo parar na marinha.
Como não obtive o sucesso que buscava, forgei o suicídio de Anthony e me transformei no psicólogo francês Robert Linton, com o diferencial de ser um especialista da área com orientação religiosa. Lecionei psicologia em uma faculdade da Pensilvânia, fui enfermeiro num hospital de Los Angeles e finalmente fui também professor em outra faculdade, de St. Martin, em Washington.
Foi uma época bem agitada, onde só tive um pouco mais de folga na prisão, pois o FBI acabou me prendendo por deserção. Após 18 meses assumi uma nova identidade falsa e estudei Direito na Northeastern University, depois ingressei nos Irmãos da Instrução Cristã, no Maine, numa ordem católica romana. Foi nessa ordem que me familiarizei com um jovem médico chamado Joseph C. Cyr que me inspirou a uma das minhas mais ousadas aventuras.
Usando a identidade deste médico, cuja a especialidade era de Cirurgião, ingressei no navio de guerra canadense HMCS Cayuga, durante a Guerra da Coréia.
Evidente que tive de devorar livros e mais livros referentes ao assunto, depois usei e abusei da penicilina e tive grande êxito em diversas cirurgias, por ser o único 'cirurgião' a bordo, mas o meu ápice nessa especialidade foi a retirada de uma munição de um soldado coreano. Acreditem, nenhum dos meus pacientes morreu!
Em consequência desse meu último feito, acabei virando manchete nos jornais canadenses e para o meu azar a mãe do verdadeiro Dr. Cyr leu a matéria e a notícia da minha irregularidade chegou ao comando do navio. O meu Capitão, Sr. James Plomer, não quis acreditar a princípio, pois desempenhei meu 'papel' com extrema maestria. Tanto ficaram gratos por meus serviços que a marinha canadense não apresentou queixa e eu retornei para os EUA.
Durante minha vida, através desse meu trabalho de 'imitador', quando era o irmão John Payne dos Irmãos da Instrução Cristã fundei um colégio reconhecido pelo estado do Maine, em Alfred. Saí dessa ordem religiosa em 1951 por dois motivos: não me deixaram ser o reitor desse colégio e acharam o nome proposto por mim terrível. Essa instituição operou até 1959 e formou pessoas notáveis, mudando depois para North Canton, Ohio, alterando seu nome para Walsh College e em 1993 para Walsh University.
Vendi essa minha aventura de vida para a revista Life e por acabar ficando renomado, só conseguia trabalhos de curta duração. Foi quando me deixei levar pela bebida...
Numa reviravolta, voltei a 'atuar', vindo então a trabalhar numa prisão em Huntsville, no Texas, mas meu papel não deu muito certo, pois um presidiário viu minha história que foi publicada. Mas apesar de ser mais difícil, continuei utilizando-me de diversos nomes falsos.
Cheguei em 1960 a trabalhar no filme The Eye Hypnotic, num papel pequeno como cirurgião, mas parece que a crítica da época não aprovou muito o meu trabalho.
Nessa época eu já estava acima do peso e a diabetes era minha companheira. Mesmo assim trabalhei como conselheiro da Union Rescue Mission, em Los Angeles, e em 1967 me graduei em Bíblia pela Multnomah Bible College, em Portland, Oregon.
Das minhas mais importantes amizades da mídia que cultivei ao longo da vida, creio que Steve McQueen foi a melhor delas.
Quando minhas 'façanhas' foram redescobertas no final dos anos 70, quase fui expulso do Hospital Bom Samaritano, em Anaheim, Califórnia, onde trabalhava como capelão visitante, mas meu chefe de gabinete e grande amigo, Dr. Philip S. Cifarelli, intercedeu por mim e junto com o Dr. Jerry Nielson deixaram que eu permanece no hospital, devido às minhas complicações de saúde e de finanças. Trabalhei até 1980, quando não mais foi possível.
Minha vida serviu de inspiração para o livro 'O Grande Impostor', de Robert Crichton, que virou um filme estrelado por Tony Curtis no papel principal. Também o conjunto The Band gravou uma canção inspirada em mim.
Além disso fiquei sabendo que até um excelente seriado, The Pretender, teve como idéia a minha vida. Infelizmente eu já havia partido quando isso aconteceu, entre 1996 e 2000.
Faleci numa segunda-feira, dia 7 de junho de 1982. Insuficiência cardíaca e a velha diabetes foram as causas.
O meu nome? Tive vários e vários, mas o verdadeiro é esse, o qual levei comigo: Ferdinand Waldo Demara Jr., mas pode me chamar de 'O Grande Impostor', sim, apesar de tudo, fui Grande...
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Influenciado pelo amigo Adilson, trago para os amigos uma história verídica interessante sobre o texano Ferdinand Waldo Demara Jr., que ficou conhecido como 'O grande impostor'. Toda a pesquisa efetuei no WIKI e você pode ter acesso ao conteúdo em inglês clicando AQUI!
Mas, como é de meu costume, para dar um tempero especial à sua biografia, preferi fazer uma merecida interpretação interpretativa (como diria o escritor Plínio Cabral) ao saudoso Demara, deixando que 'ele mesmo nos contasse' toda a maravilhosa aventura que foi a sua vida.
Aproveite para clicar nas imagens acima e ver os sites de onde elas se originaram.
Grande abraço renovado para todos!
Assim não poderei continuar dizendo que o mundo, atualmente, está complicado. Sempre esteve, pelo menos a partir de 1921. Abraços.
ResponderExcluirNa vida tudo é mera repetição. O hoje é o retrato do ontem. Abração.
ResponderExcluirMuito massa a história Joe. Obrigado
ResponderExcluirFicou muito interessante a maneira como narrou a história.
ResponderExcluirbeijo
Joe,que grande história tem esse impostor!Merece mesmo um livro,filme sobre sua vida!Ótima sua narrativa e pesquisa!Bjs,
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